A PSICOLOGIA PARA ALÉM DO CONSULTÓRIO

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O máximo esperado de um psicólogo que recém saiu da faculdade, é que abra um consultório e receba a classe média para tratar das neuroses. Essa é uma visão estereotipada da Psicologia, que deveria, ou seja, deve ser modificada.  Individualmente o sofrimento é vivido, mas a determinação do sofrimento é coletiva. Tem que haver uma Psicologia que discuta a relação com a sociedade, as instituições e as políticas de saúde. Ela ainda tem um trabalho amplo e uma importante contribuição a dar. A discussão sobre a saúde como um processo social e coletivo leva ao surgimento dessa noção de saúde coletiva, muito ligado à causa social do processo saúde/doença. Desde então surgem os problemas comportamentais ligados a uma dada tensão da sociedade, que não podem ser tratados exclusivamente pela medicina, mas a partir de uma série de perspectivas interdisciplinares em que a Psicologia pode se inserir. Muitos profissionais da área de saúde ainda mantêm a visão tradicional de que tudo se trata com medicamentos e intervenções médicas.

No entanto, há situações que envolvem a disposição afetiva e emocional da pessoa, e o apoio psicológico tem um forte impacto, no resultado dos tratamentos médicos. A política de saúde determina o lugar de tratamento institucional dos problemas de saúde onde o psicólogo vai atuar. É preciso mudar a ideia de que a Psicologia deveria limitar sua ação aos consultórios. Há a necessidade, de se pensar em fazer políticas de saúde, para isto, é fundamental a criação de dispositivos, e a criação de espaços entre os diversos atores que compõem as redes de saúde, exige um estar com o outro, que todos possam agir em prol do mesmo objetivo. Aqui certamente a Psicologia pode se inserir, podendo assim, fazer intercessões.

Há três interfaces da psicologia com o SUS: O Princípio da inseparabilidade, pois o projeto de subjetivação se dão num plano coletivo, ou seja, a psicologia como um campo de saber voltado para a subjetividade, portanto, é impossível separar a clínica da política, o individual do social, o singular do coletivo. O Princípio da autonomia e da co-responsabilidade, as práticas dos psicólogos estão voltadas para o mundo, e para o país em que vivemos, com as condições de vida da população brasileira para promover a produção da saúde. E o Princípio da transversalidade, a relação de intercessão com outros saberes, e poderes, e disciplinas. A contribuição da Psicologia pode estar justamente no entrecruzamento destes três princípios. (BENEVIDES, 2005)

A Psicologia da Saúde tem como objetivo compreender como os fatores biológicos, comportamentais e sociais influenciam na saúde e na doença. Então, a Psicologia da Saúde torna-se uma área consolidada internacionalmente, e, no Brasil, está conquistando cada vez mais seu espaço.

Escolhi esse tema para ser abordado, pelo fato da sociedade ter uma visão estereotipada (que deve ser alterada), e infelizmente, possuir um certo preconceito em relação as práticas, ações e inserção dos psicólogos no Sistema Único de Saúde. É de suma importância reconhecermos que a psicologia pode sim atuar e contribuir para a rede de saúde. 

 

Suelen Fialho Garcias

Referências:

BENEVIDES, Regina. A psicologia e o sistema único de saúde: quais interfaces?. Psicol. Soc.,  Porto Alegre,  v. 17,  n. 2, ago.  2005 .   Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822005000200004&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 20  abr. 2013.  

CASTRO, Elisa Kern de; Bornholdt, Ellen. Psicologia da Saúde x psicologia hospitalar:. Definições e possibilidades de Inserção Profissional Psicol. Cienc. prof. , Brasília, v.24, n. 3, Sept 2004. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932004000300007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 21 de abr. 2013. 

FLEURY, Sônia.  A psicologia deve ir muito além do consultório. Ciência e Profissão: Diálogos.  n. 4, p.6-9, Dez. 2006. Disponível em: <https://www.pol.org.br/publicacoes/pdf/dialogos4/Dialogos_pag_06a09.pdf> Acesso em: 18 abr. 2013