TRIAGENS DE PESSOAS COM LESÃO MEDULAR PARA ACESSO AOS PROGRAMAS ESPECIALIZADOS EM REABILITAÇÃO.

8 votos

A lesão medular é um dos eventos mais impactantes na vida do ser humano, pois afeta tanto o sujeito envolvido quanto o binômio família/cuidador. Ocasiona déficit motor e sensitivo abaixo do nível da lesão e requer um processo de cuidado mais sensível e mais atento às necessidades individuais. Resultantes de traumas que incluem ferimentos por arma de fogo, acidentes automobilísticos, quedas e mergulhos, atos de violência, lesões desportivas, dentre outras.

Partindo-se do princípio que o surgimento da lesão medular é abrupto, em decorrência de fraturas, luxações ou ferimentos na medula espinhal, que é o órgão responsável pela regulação das funções respiratória, circulatória, excretora, sexual, térmica e é a via condutora de estímulos motores e sensitivos aferentes e eferentes entre a periferia e o encéfalo, a oferta de serviços de reabilitação é fundamental para atender as necessidades dessas pessoas. Nesse sentido, pressupõe-se que pessoas acometidas por esse tipo de lesão irão requerer mais cuidados e assistência de enfermagem e de toda a equipe interdisciplinar nos Centros Especializados em Reabilitação (CER), além da ajuda de cuidadores domiciliares no longo prazo.

Após receber alta hospitalar, pessoas com lesão neurológica incapacitante, como as medulares, devem ser encaminhadas para a Rede de Cuidados da Pessoa com Deficiência, na qual cada ponto de atenção, distribuídos nas estruturas municipais de atenção à saúde. Pautados no quadro clínico e acometimentos específicos do tipo de lesão primária, as equipes multiprofissionais as acolhem e elaboram plano terapêutico correspondente ao seu déficit para autocuidado e estratégias voltadas para suprir suas necessidades de cuidado.

A propósito, as triagens realizadas nos Centros Especializados de Reabilitação Física visam oferecer aos profissionais membros das suas equipes terapêuticas oportunidade de realizar exames e avaliações funcionais das pessoas com lesão medular, de modo a identificar parâmetros norteadores do programa de reabilitação que lhe possa fomentar autonomia para atividades da vida diária e autocuidado. Nessa fase, é importante que a equipe avalie a integridade da pele e mucosas, para identificar se há presença de úlceras de pressão, histórico de infecções urinárias recorrentes, coordenação motora para realização com ajuda para alimentação e higiene pessoal, entre outros aspectos relevantes.

Via de regra, pessoas que apresentem úlceras de pressão não devem ser admitidas nos Programas de Reabilitação Física, devido aos procedimentos terapêuticos implementados nas sessões de fisioterapia, cujos alongamentos musculares possam comprometer o processo de cicatrização do ferimento. Nesses casos, indicadas para  que desenvolvam atividades em casa sob orientação das equipes do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), até que a lesão apresente aspectos positivos de cicatrização, tornando viável sua entrada nos Centros Especializados de Reabilitação Física. 

A toda equipe compete agendamento de visita domiciliar, visando identificar as condições de acessibilidade nos domicílios. Cabe aos terapeutas ocupacionais trabalhar para o alinhamento postural e respectivo processo de protetização. Da mesma forma, cabe aos enfermeiros investir nas orientações sobre cuidados com a pele e mucosas, autocateterismos, reeducação vésico-intestinais, além de investir na orientação para o autocuidado e atividades cotidianas.

Wiliam Machado