Complexidades da atenção … básica

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Na semana passada, escrevi um artigo para um dos jornais da minha cidade, no qual me referia a atenção de médio e alto custo. Naquele momento, a expressão utilizada foi média e alta complexidade. Coloquei-o na rede para discussão e achei muito interessante e apropriada uma reflexão que parto a fazer e que certamente poderá gerar discussões aprofundadas, sugerida pelo Coordenador da PNH Dário Pasche.

Esta reflexão se referente a expressão "complexo" que damos para definir os níveis de atenção que possuem maior complexidade de custo.

Concordo com ele quando diz que "Tem sido usual na área da saúde uso da expressão "complexo" para se referir àquilo que é considerado o mais especializado, logo há uma produção cultural que relaciona complexo a especialidade (médica). Na cultura ocidental complexidade diz respeito a ação/expertise sobre menores porções, pedaços, fragmentos. Logo o especialista que lida com a complexidade (as vezes tomado pelo difícil, complicado) é aquele que restringe o olhar e foco. Bem sabemos o impacto disto no cuidado das pessoas e da população em geral."

Talvez possamos fazer uma discussão a respeito da complexidade que há também na atenção básica, onde muitas vezes temos ações mais complexas do que realizar um exame especializado ou uma simples consulta com especialista. Temos que valorizar mais nossa ação enquanto trabalhadores da atenção básica, onde o maior nº de problemas de saúde da população deveria ser resolvido.

Talvez, quando nos despirmos da idéia de que "a atenção básica é o simples, o que qualquer um faz, etc" possamos qualificar nossa atenção enquanto profissional e serviço, pois nela (atenção básica) "se lida com a multiplicidade, com a diversidade, logo, a atenção básica é complexa". "A atenção básica (complexa) é a base do sistema de saúde, sem o qual não faremos a reforma sanitária vingar neste país".

Concordo também que somos nós (profissionais de saúde) que contribuimos no modo de pensar do povo no sentido de ‘desvalorizar/desqualificar’ o que fazemos na atenção básica e que ‘supervalorizamos’ a atenção ‘especializada’, mesmo que nela não se tenha continuidade na atenção e muitas vezes, se não na maioria delas, não resolve a necessidade real do usuário.

Obs.: O que está em " " se refere a palavras do Dário.

Abraços

Eliana Elisa Rehfeld Gheno – Ajuricaba/Nova Ramada-RS