Participação Popular / Controle Social

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Existe um certo “arrepio” quando falamos em Controle Social, um certo temor em defrontar com o outro: será que ele vem me fiscalizar? será que vai ser mais fácil conseguir consulta prá minha família? será que isso vai dar certo? Pessoas com desejos diferentes dos nossos, estranhos a este lugar, mas serão contrários os interesses dos trabalhadores da saúde e dos usuários?
Logo depois que a seleção brasileira masculina de futebol, perdeu a última copa do mundo assisti a um programa de esportes em que o apresentador estava dizendo: – “Todos nós temos responsabilidade nesta derrota! Exigimos muito desse quadrado mágico, invadimos os treinos, a midia exigia mais, foram realizados jogos com equipes bem fracas por causa dos patrocinadores e o resultado de tudo isso foi ruim…
Pensei: – Será?? Não escolhi o técnico, não fui ouvida na convocação dos jogadores, se estavam em forma ou não, acima ou abaixo do peso, qual o esquema de jogo – no ataque, na defesa? – não me pediram opinião e agora querem partilhar a derrota comigo?
Usei esse caso na reunião do Conselho Gestor da minha unidade de Saúde da Família e todos foram unânimes em dizer que não se sentiam responsáveis por esse fracasso, daí começamos a discutir a co-responsabilidade no trabalho da unidade e enfatizamos que todos ali, estavam sendo convidados a sair da arquibancada e vir jogar com a gente, nessa peleja diária na unidade de saúde, discutirmos juntos o esquema de jogo: como agendar as consultas, quem teria prioridade, qual o número de vagas? Decidirmos juntos o esquema tático: quais problemas seriam enfrentados primeiro e com quais estratégias? Assim passaríamos a ser uma equipe e não meros espectadores/torcedores que iriam aplaudir ou vaiar, mas caminharmos juntos como um time só – usuários, trabalhadores e gestores – que têm afinal o mesmo objetivo – a saúde de todos e de cada um.
Assim dizendo, parece que ficamos mais próximos, cada um no seu lugar, apresentando seu ponto de vista, os quais queremos mesmo que sejam diferentes para que juntos possamos ver as coisas sob diversos olhares e decidirmos por onde ir, ao longo do caminho, poderemos ainda acertar os rumos, mudar estratégias, assumindo todos as glórias ou críticas pelos resultados, mas com a certeza de que estamos juntos nessa luta.
Assim o arrepio passa, o temor diminui e nos encontramos sentados lado a lado,jogando juntos, trabalhadores e usuários, definindo os rumos e o modo de caminhar da nossa unidade de saúde.
Eliana