Mal de Alzheimer: como é difícil lidar com o esquecimento

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Este é um relato feito para a matéria de sus da rms do hu-ufgd ministrada pela professora Cátia Paranhos e deveria ser postado na rede humanizasus e eu escolhi falar sobre uma experiência próxima e pessoal.

A Doença de Alzheimer é uma enfermidade incurável que se agrava ao longo do tempo, mas pode e deve ser tratada. Quase todas as suas vítimas são pessoas idosas. Talvez, por isso, a doença tenha ficado erroneamente conhecida como “esclerose” ou “caduquice”. A doença se apresenta como demência, ou perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem), causada pela morte de células cerebrais. Quando diagnosticada no início, é possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente e à família.
Na foto, ao meu lado está minha bisavó, Elza, que possui 84 anos e foi diagnosticada com doença de Alzheimer há algum tempo. Antes de tal acometimento de saúde ela era muito ativa e independente. Hoje ela já não consegue preparar a própria refeição, não toma banho sozinha e possui uma marcha lenta e muitas vezes desorientada. Tem dias que ela sabe que meu nome é Renata e que eu sou sua bisneta. Mas tem dias que minha vó se torna mãe ou irmã dela e até mesmo a “véia” dona da casa. Ela se mudou de cidade, de estado e deixou todas suas coisas para trás.
Ela repete e pergunta a mesma coisa para minha vó durante várias vezes ao dia. Tem momentos que sua agressividade fica bem alterada e ela desconta em todos à sua volta, até mesmo nas crianças. Possui uma ansiedade mt dificil de ser controlada e é melhor contar sobre uma viagem pra ela quando já estiver saindo, e todas suas coisas já estiverem arrumadas. Ela perde o celular o tempo todo, e fica aflita à sua procura.
Antes de receber a medicação de maneira adequada tinha dificuldades para elevar a colher até a própria boca e tbm sofria por depleção da massa magra, mas felizmente hj se alimenta sozinha, apesar de ainda derrubar migalhas no chão. Hoje ela acorda e não sabe onde está (vc imagina o qt isso pode ser triste?!), mas ainda tem noção que vive bem no novo lar, que possui todos os cuidados da família com amor e que é feliz.
Com a doença de Alzheimer, o portador, os familiares e profissionais envolvidos nos cuidados enfrentam grandes desafios, mas o mais importante é se lembrar que apesar da própria pessoa muitas vezes não se lembrar de tudo que fez no dia anterior, ela deve ser tratada com respeito, dignidade e humanização tanto em família quanto quando atendida em serviços de saúde.