IMPLICAÇÕES DA OBSESSIVA BUSCA PELA DESFIGURAÇÃO DA IMAGEM CORPORAL: Uma questão de saúde pública.

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Não sei ao certo o que acontece na mente doentia dos jovens e adultos que buscam desfigurar seus corpos, violando a harmonia anatômica da raça humana, na tentativa de mudar a estética da própria imagem corporal expressa em traços hereditários que a natureza lhes presenteou, com a Graça de Deus. Tudo na ânsia de se afirmar antenados com o inabitual.

Preocupam-me os rumos da cirurgia plástica de mercado, aquela que se ocupa em oferecer procedimentos complexos para aplicação de próteses de silicone em grandes volumes nas mamas, quadris, faces, e, sabe-se lá mais onde, fazendo com que a mulher assuma imagem desconforme diante dos demais. Muitos se submetem a intervenções cirúrgicas de grande porte, correndo sérios riscos de morte, apenas para tornar o externo mais condizente com suas fantasias, enquanto a dimensão interior padece inerte.

Perderam-se valores subjetivos de consideração do corpo como templo do espírito do ser humano. Diante de tamanhas agressões ao original essa moradia fica sobremodo poluída, intoxicada, insalubre, inabitável para nossa contraparte sagrada, eterna, como nosso espírito.

Hoje, não é absurdo acreditar na existência de catálogos para que a pessoa escolha se vai retirar costelas, tomando o corpo forma ampulheta, se decide por uma total mudança na coloração do globo ocular, parecendo personagens dos filmes de ficção, ou de terror, sem pensar que a idade chega e a estrutura corporal irá requerer alinhamentos com a natureza violentada. É a futilidade levada ao extremo e que traz consequências pesadas, afinal, a vida nos prova que os que se excedem partem mais cedo dessa vida para outra e nem sempre de forma leve, serena, amena.

Lembro da adolescência influenciada movimento hippie, com comportamento coletivo de contracultura dos anos 60, do que representou a tropicália aos vinte anos e estudante universitário nos anos 1970, quando lutávamos pela liberdade de expressão, direitos democráticos. Naquela época, era comum os mais ousados tatuar a face interna do antebraço e ser advertido pelos pais e professores acerca dos riscos de sermos reprovados nos concursos públicos, mesmo assim, movidos pelo ímpeto da juventude nos aventurávamos, e não colhemos na maturidade qualquer arrependimento devido ao cuidado de nos manter discretos.

Mudanças no status quo são historicamente reivindicadas pelas novas gerações, isso não vai mudar pelo que representam no progresso da humanidade, porém, quando se trata de atitudes insalubres a preocupação com seus futuros desdobramentos também deve ser pontuada. O que temos observado são riscos de aumento futuro nos gastos públicos com saúde dessas pessoas, pelas consequências da violência para com os próprios corpos.

Ademais, a submissão à procedimentos invasivos como das tatuagens feitas com instrumentais não esterilizados expõem a riscos de contaminação e transmissão de uma variedade de doenças fatais como sífilis, hepatites, HIV, entre outras. O que implica na alocação de mais recursos para a saúde, será que o sistema público vai suportar?

 

Wiliam Machado