Mente e corpo em harmonia

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A maneira como os indivíduos lidam com perdas, frustações, dificuldades pode estar associada a distúrbios alimentares. A afirmação é da psicóloga do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, em Recife, Iana Martins.
“Trabalhamos para que lidem com as frustações de outra forma que não relacionadas com comida. É preciso que entendam a importância do limite na alimentação para se sentirem saciados com a quantidade recomendada”, explica Iana.
 
 
O conjunto de doenças, que tem anorexia, bulimia e a compulsão alimentar entre as principais, está relacionado ao desequilíbrio entre alimentação, peso e, muitas vezes, fatores psicológicos. O tratamento é diferente, mas a abordagem tem fatores em comum e essenciais para a reversão do quadro.
 
“A solução para os distúrbios deve ser interdisciplinar e conta com reeducação alimentar, orientação psicológica e acompanhamento físico, em alguns casos”, conta Fábio Gomes, psiquiatra e fundador do Centro de Estudos e Tratamento em Transtornos Alimentares (Cetrata), em Fortaleza.
 
Ligado ao Hospital Universitário Walter Cantídio, o centro faz o acompanhamento de pacientes semanalmente. “O tratamento pode durar semanas, meses ou anos e as causas são multifatoriais. Os casos podem ser genéticos, provocados pelo ambiente em que a pessoa está inserida ou por problemas na construção da personalidade própria. O importante é identificar cada caso e fazer o acompanhamento regularmente “, comenta Fábio.
 
“Atualmente, o problema de muitas pessoas é ser oito ou oitenta. Ou comem de tudo ou não comem nada. Isso leva a alguns quadros de exageros”. A afirmação da nutricionista do Hospital Universitário da Grande Dourados (HUGD) Débora Kanegae.
 
Importância da família – Na maioria da vezes, quem observa os problemas são as pessoas ao redor. Normalmente, o indivíduo com distúrbio alimentar não admite que está com o problema, começa a se isolar, se esconde para comer e tem um sentimento de culpa posterior à alimentação.
 
“Quem tem que observar são as pessoas em volta. Quando a pessoa já entra num quadro de transtorno alimentar ela não admite que está doente. Quando alguns sintomas aparecem, é importante procurar um profissional”, analisa a nutricionista.
 
Débora ressalta a necessidade de um ponto de equilíbrio para evitar os excessos. Neste quadro, é essencial a participação de amigos e familiares que não tenham hábitos alimentares semelhantes e possam instruí-lo a dar os primeiros passos. “É importante conversar, chamar atenção de forma carinhosa, mas firme; e buscar um acompanhamento profissional”, pontua Iana.
 
A psicóloga do HC-UPFE ressalta que o tratamento apenas surte efeito caso exista uma necessidade de busca de bem estar e uma rotina mais saudável. “No fim, tudo acaba dependendo do próprio paciente”, destaca Iana.
 
Distúrbios alimentares mais comuns
 
Anorexia nervosa – A pessoa tem uma grande distorção da imagem corporal. Ela se vê muito acima do peso, quando geralmente não está e começa a privar a alimentação. O indivíduo come muito pouco e o que se alimenta tenta compensar fazendo atividade física, levando a um quadro de desnutrição grave. A maioria dos casos ocorre na fase de adolescência, comprometendo o desenvolvimento.
 
Bulimia nervosa – Se caracteriza por uma grande ingestão de alimentos com sensação de perda de controle. A pessoa então passa a usar métodos compensatórios como o vômito auto-induzido, uso de inibidor de apetite e laxantes. Além disso, começa a fazer dieta e atividades físicas.
 
Compulsão alimentar – As pessoas com o problema comem uma quantidade anormal de comida, sentem-se fora de controle e incapazes de parar. Um episódio de compulsão alimentar pode durar duas horas, ou a maior parte do dia.
 
Ortorexia nervosa – Fenômeno mais recente, em que a pessoa tem obsessão em se alimentar de forma saudável. Os indivíduos com este quadro limitam a variedade e excluem, sem acompanhamento de profissionais, certos grupos alimentares como carnes e gorduras. Isso leva a quadros de carências nutricionais.