O Projeto Terapêutico Singular

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O PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR

O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é conceituado como: “(…) um movimento de coprodução e de cogestão do processo terapêutico de indivíduos ou coletivos, em situação de vulnerabilidade” (OLIVEIRA). Ele é uma maneira menos tradicional de lidar com os usuários do sistema público de saúde, porém com resultados certamente muito mais significativos tanto na vida dos trabalhadores da área quanto daqueles que utilizam os serviços.

Esta abordagem objetiva produzir saúde, não a partir de ações padronizadas e que apenas dão a opção de o usuário sujeitar-se ou não ao tratamento proposto, mas sim a partir de ações que o consideram (ou ao grupo, dependendo do caso) como seres que precisam ser vistos/compreendidos como pessoas com características singulares e que vivem em contextos muito específicos.

O PTS permite tanto aos profissionais da área da saúde que atuam no caso (inclusive aqueles que normalmente não teriam voz, devendo apenas fazer o que lhe foi determinado) quanto ao próprio usuário encontrarem os motivos que impedem/dificultam o alcance da saúde, descobrirem meios para solucionar a situação, acompanhar o desenvolvimento/aplicação da solução proposta, avaliar os resultados e modificar o que for necessário para que o objetivo seja atingido.Nada mais acertado, afinal é a vida/saúde dele que está sendo discutida.

Nesta abordagem tudo é compartilhado, inclusive as responsabilidades, o que certamente é muito mais eficiente, pois ela não é apenas de um profissional de saúde que atua no caso, mas sim de todos aqueles que estão envolvidos no tratamento, inclusive do próprio usuário.
Com o PTS é mais provável que o usuário siga o tratamento proposto, pois ele participa das decisões, a ajuda ofertada não é imposta, ela é feita através de um acordo no qual ele está envolvido, tem voz ativa e é tratado como um igual, não lhe sendo apenas imposto o que deve fazer.

O PTS, infelizmente, ainda é utilizado apenas para casos mais complexos – talvez em razão da grande demanda que o sistema público de saúde tem –, mas ele deveria ser a regra e não a exceção, por vários motivos: duas ou mais cabeças pensam melhor que uma; cada pessoa traz uma visão, um novo olhar, que pode contribuir para uma decisão/resultado melhor; as responsabilidades são divididas, o que significa que mais pessoas estão realmente empenhadas em obter bons resultados; e o principal interessado tem a oportunidade de fazer parte da construção de seu caminho para a obtenção da saúde.

O Processo Terapêutico Singular não é a solução para todos os problemas nas práticas de saúde, mas é uma ótima forma de provocar mudanças nas práticas vigentes, pois uma saúde mais humanizada e democrática é benéfica para todos. E é exatamente por isto e pelos resultados muito bons em casos mais difíceis que o PTS deveria ser amplamente utilizado no Sistema Único de Saúde. 

 

 

Referências Bibliográficas

OLIVEIRA, Gustavo Nunes de. O Projeto Terapêutico Singular. Cadernos HumanizaSUS. p. 93-104.

 

 

Texto de Carlita Borba e Thássia Souza.