O Homem Elefante

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O Homem Elefante

Alguns filósofos já disseram
Que nascemos livres.
Outros consideram inata
Nossa condição humana
Alguns defendem ardorosamente
O gene da sociabilidade.
E há aqueles que dizem
que nascemos bons
E os outros homens
Acabam nos desumanizando

Mas ser homem é tarefa árdua
Ninguém nasce homem
todos nos transformamos
em algo que antes era
uma simples abstração
realizamos as expectativas
de todos aqueles
que nos julgam argila.
Mas aqui e acolá
nos mostramos diferentes
criamos projetos
mais ou menos originais
e nos transformamos em indivíduos
porque vivemos em sociedade.
Saqueamos características, valores
conceitos e preconceitos
religiões, vícios, virtudes.
Estamos cheios da História!
Somos a História!
E assim contamos muita História!

Uma vez ou outra
alguns se desesperam
pois devem nos lembrar
algo absolutamente óbvio.
Parecer diferente
incomoda quem pensa
viver numa sociedade de formigas.
Aumenta a ansiedade
de quem busca
eternamente se ver
refletido em outras faces.
A prostituta não que ser espancada.
O índio não quer ser queimado.
O mendigo não quer ser cuspido.
O homossexual quer ser ouvido e respeitado.
O paciente bem tratado.
O réu um julgamento justo.
Os tidos por deficientes
querem conquistar a simples visibilidade
e saírem nas ruas
sem ter a vida ameaçada
pelo ladrilho das calçadas.

Desde o ventre da mãe
Somos um pouco
O “Homem-Elefante”.
A maioria conquista mais fácil
a humanidade na face
e na fala do outro.
Mas em meio a multidão
existem rostos, vidas, projetos
que tomados pelo desespero
querem apenas uma coisa
dizer em alto e bom som:
“Eu sou um ser humano”
Estaremos sempre prontos para ouvir?

ERASMO RUIZ