Cuidar Seja Quem For…..Humanizar

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Cuidar Seja Quem For ….Humanizar

        Antes de iniciar em falar em humanização na saúde mental, podemos pensar no seu conceito para um maior entendimento: Ferreira 2000 refere à definição da palavra humanizar é: “dar condição humana a: civilizar; tornar-se humano”.
        Quando referimos à palavra humanizar pela primeira vez no serviço de saúde, muitos levaram a ideia a si, ou seja, nós não somos humanos? Nós não cuidamos de outros seres humanos? A mecanização do serviço ou a falta de estrutura nos deixa a características de que o trabalhador da saúde são seres que trabalham com saúde e cuidado de forma mecanizada sem o mínimo de humanização. Mas quando nos reportamos à saúde mental e sua reforma psiquiatra? Teremos como cuidar e trabalhar humanização? 
         O inicio da preocupação com a saúde mental, iniciou-se devido as características desumanas dais quais os pacientes eram tratados, um novo olhar na forma de cuidado deparou-se com a Reforma Psiquiátrica, que visa mudar a característica de manicômios, asilos, ampliando o cuidado na saúde mental, mesmo existindo ainda lugares sem adequação ou evolução, a humanização de cuidado deve-se ser trabalhada, para humanizar precisamos tratar o ser humano dignamente, ser sensível no papel de ouvinte quando o sujeito tenta nos explicar seu sofrimento, sua dor, dialogar com este  e muitas vezes nos colocar no lugar do dele.
       O acolher na saúde mental, ou qualquer outro serviço, faz-se necessário para a criação de vinculo e um cuidado diferenciado, a escuta que muitas vezes chegam a nossa porta, no serviço as vezes é o único remédio da qual um paciente com transtorno necessita naquele momento, já ouvi falas referindo que pacientes formam mandados embora da recepção de CAPS AD  por estarem alcoolizados! E eu pergunto o que é isso?  Isso é humanizar? Qual o objetivo se quando o usuário precisa não recebe o apoio?  Quanto vale uma escuta? Concordo com o autor quando ele refere: “Os processos de ‘anestesiamento’ de nossa escuta, de produção de indiferença diante do outro, têm nos produzido a enganosa sensação de salvaguarda, de proteção do sofrimento” (BRASIL, 2008, p. 12).
        O texto deixa claro que todos têm de ser responsável pelo cuidado para com o paciente, saber identificar, escutar, compreender cada sujeito na sua singularidade e na sua liberdade, pois se pensarmos nas instituições de internação, manicômios, casas asilares todas privam o paciente nos seus direitos de “escolha” de tratamento, não tem voz ativa, devido se tratarem de pacientes psicologicamente abalados, ou seja, não tem liberdade e o direito que todas as pessoas possuem, esquecemos que todos são seres humanos, com  sentimentos e pensamentos únicos. 
        As formas dos processos de trabalho, de organização do serviço de saúde mental, a reforma psiquiátrica, o modo de cuidar, a falta de capacitação de funcionários, ajudam para que o novo modelo das politicas de humanização seja pouco receptivo nas instituições de saúde, mas que aos poucos essas politicas visam mudar esse quadro e ensinar que a escuta adequada, o acolhimento e que a produção do cuidado ao sofrimento psíquico é possível no sistema único de saúde, não esquecendo  nos como refere o autor no seguinte parágrafo:  “ Falamos aqui da construção e da consolidação do SUS. Para a PNH, o SUS humanizado é aquele que reconhece o outro como legítimo cidadão de direitos, valorizando os diferentes sujeitos implicados no processo de produção da saúde. Humanização do SUS é entendida como: […] Fomento da autonomia e do protagonismo desses sujeitos e dos  coletivos; Aumento do grau de corresponsabilidade na produção de saúde e de sujeitos; Estabelecimento de vínculos solidários e de participação coletiva no processo de gestão; Mapeamento e interação com as demandas sociais, coletivas e subjetivas de saúde; Defesa de um SUS que reconhece a diversidade do povo brasileiro e a todos oferece a mesma atenção à saúde, sem distinção de idade, raça/ cor, origem, gênero e orientação sexual […] (BRASIL, 2008, p. 18-19)”. 
        O novo modo de cuidar é ensinar que a vida deve ser cuidada, seja quem for o sujeito, seja ele o usuário de drogas, o institucionalizado, dentro dos padrões da PNH e fazer com que o SUS seja visto de forma diferente, com o acolhimento humanizado e um cuidado a vida adequada a cada ser humano.

Resenha do texto: Entre o cárcere e a liberdade: Apostas na Produção Cotidiana de Modos Diferentes de Cuidar de Silvio Yasui.