TRAJETÓRIA DE VIDA DOS PESCADORES VÍTIMAS DE LESÃO MEDULAR POR MERGULHO: EXPERIÊNCIAS, REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E ESTRESSE

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CAVALCANTE, Eliane Santos. Trajetória de vida dos pescadores vítimas de lesão medular por mergulho: experiências, representações sociais e estresse. 2014. 171 f. Tese (Doutorado) – Departamento de Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.
A lesão medular ocasiona manifestações incapacitantes permanentes, afetando a integridade anatômica, mudanças corporais e limitações funcionais pertinentes ao estado de deficiência. Objetivou-se analisar as representações sociais, níveis de estresse e experiências dos pescadores vítimas de lesão medular por acidente de mergulho nas praias do litoral Norte. Trata-se de estudo exploratório-descritivo, com dados quantitativos, qualitativos e representacional, desenvolvido em colônias de pescadores de nove praias do litoral Norte/RN, entre outubro de 2013 a agosto de 2014, após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, parecer nº 431.891/2013, CAAE 20818913.0.0000.5537. A amostra compôs-se por 44 pescadores acometidos por lesão medular, definida a partir dos critérios de inclusão e exclusão dos participantes. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados entrevista semiestruturada. Analisaram-se os dados quantitativos por meio da estatística descritiva, apresentando-os em forma de tabelas, quadros e gráficos, utilizando o Microsolft Excel. Submeteram-se os dados das entrevistas ao software Analyse Lexicale par Contexte d`um Ensemble de Segments de Texte (ALCESTE) e à luz da análise da Teoria das Representações Sociais e Teoria do Núcleo Central. Esclarece-se e apresentam-se os resultados da pesquisa a partir de quatro artigos, seguindo recomendações normativas dos periódicos. Os sujeitos participantes do estudo, em número de 44, todos eram do sexo masculino, média de idades de 49,6 anos, ensino fundamental (68,2%), casados (77,3%); com sequela de paraplegia (50,0%). A maioria apresentava estresse (75,0%), encontrando-se na fase de quase exaustão (33,3%), com sintomas prevalentes de insônia (95,5%) nas últimas horas; hipertensão (97,7%) na última semana e dificuldades sexuais (95,5%) no último mês. A doença descompressiva foi a causa da lesão Medular (57,1%), ocorreu prevalentemente no baixo verão (75,0%), litoral Norte (96,4%), tendo como principais agravos a parestesia e dor nos membros superiores e inferiores (67,9%), seguido de óbitos (25,0%). A análise das entrevistas sob a ótica da compreensão das Representações Sociais da lesão medular permitiu a construção de sete categorias: Tratamento: limitações e expectativas; Lesão medular: antes e depois; Aposentadoria: realidade ainda distante; Deficiência: dependência, incapacidade, vulnerabilidade; Superação e autonomia; Sentimentos do eu: perdas físicas e recomeço; Vida e trabalho: impedimentos, planos e mudanças. O núcleo central da representação se encontra na primeira categoria pela expectativa e limitações no tratamento, enquanto os elementos periféricos na sétima e terceira categorias. A limitação física para as atividades da pesca e expectativa de aposentadoria é o elemento de maior destaque da estrutura. As representações sociais sobre a Lesão Medular se encontram em um momento de transição entre o antes e depois com a atividade da pesca impedida, enfrentamento da situação com os potenciais remanescentes. A ancoragem estabelece-se no desejo por mudanças relacionadas às melhorias das condições de vida e saúde vivenciadas no cotidiano por meio da fé. Conclui-se esse estudo com o alcance dos objetivos, cuja temática é relevante para a saúde pública de homens pescadores. Sugerem-se medidas de prevenção, promoção e recuperação da saúde do homem pescador, além das condições seguras, saudáveis e dignas de trabalho como compromisso das políticas sociais e de saúde.
Palavras chave: Traumatismo da Coluna Vertebral; Estresse Psicológico, Pesca; Teoria das Representações Sociais; Saúde Mental; Enfermagem.