TRABALHO DE INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA DA SAÚDE – Prof. Douglas

13 votos

Ao refletir sobre os assuntos abordados em aula pelo prof. Douglas, na sua disciplina de Introdução à Psicologia da Saúde ao 4º semestre de Psicologia da FISMA, um tema em especial chamou-me mais atenção: a saúde mental. Ela foi abordada através de filmes como “Dá Pra Fazer” (filme argentino), através de textos dados em aula e também conhecendo um pouco do Programa Nacional de Humanização (PNH) do SUS.
       O filme aborda como são tratados os pacientes que apresentam distúrbios mentais; uma área que ainda carece de grande evolução e de maior envolvimento dos profissionais e da sociedade em geral para com quem sofre por “esquecimento” (familiar, social ou emocional) ou por falta de um olhar mais atento e com boa vontade ou até mesmo por falta de recursos, conhecimento ou acesso de parte das instituições que os acolhem. Isso faz-me lembrar de um trecho que li recentemente de autoria de Jules Michelet (no livro História e Psicanálise – Entre Ciência e Ficção, de Michel de Certau) que diz “ O corpo é corpo social, evidentemente, mas funciona na história como o corpo procurado pela carícia, alheio ao espírito, “diferente do pensamento”, ”constituindo” o que a representação estabelece como “constituído”, “permanece contestação do privilégio que é atribuído à consciência” de produzir o sentido” (Levinas,1971,p.102-103). “O corpo é o outro de que se fala, mas que se é incapaz de fazer falar”; corpo aqui se refere ao povo, uma nação, ambiente; afinal se formos pensar no número de pacientes e instituições psiquiátricas, penso que se pode falar exatamente de um povo, uma nação e um ambiente. Na verdade, grande parte das dificuldades, penso, são justamente de comunicação. O paciente, logicamente, com sua história de vida, de adaptação à ela em busca da sua sobrevivência num mundo hostil a si, ao outro ou na relação de ambos. Junta-se aí a sociedade com suas regras que nem todos têm condições de seguir (por vontade própria ou alheios à ela), os tratamentos e seus enfoques prestados por profissionais de saúde, muitas vezes “com saúde mental questionável” para dar conta de suas vidas, quem dirá do outro (o que exige muita paciência e dedicação). Falta de comunicação ocorre também entre os profissionais que não trabalham em interação, afinal, não somos uma “ilha”; somos, como foi dito antes, seres sociais, em interação com o meio para crescimento de ambos. E as emoções onde moram? Em todos nós, mas como tudo depende de nossa própria história, é de se pensar na importância da bagagem familiar, em como cada um lida com as frustrações da vida e quais as condições o indivíduo tem para se desenvolver. Aqui, contrariamente ao que foi visto no filme, penso na importância do SUS e do PNH no desenvolvimento e implementação de políticas públicas adequadas e modernas desenvolvida por pessoal capacitado e empenhado num trabalho interdisciplinar a fim de garantir um bom acesso à saúde com diversas abordagens e programas específicos para patologias ou transtornos mentais.
Relendo o texto dado em aula sobre a PNH, vejo, justamente a ampliação da comunicação entre as redes a fim de proporcionar melhorias à promoção de saúde, garantir o respeito às diferenças e diversidades, de forma a criar um diálogo compreensivo entre quem acolhe e quem deve ser acolhido, permitindo a troca de experiências e conhecimento capazes de causar transformações para quem participa.
Minhas palavras podem ter parecido fortes, desesperançosas inicialmente, ou até injustas, mas pelo contrário, quero deixar claro minha esperança em observar o grande leque que se abre com a implementação do CAPS, CRAs, SRT, Programa de volta para a casa, escola de redutores de danos…Também sei nem tudo são flores nas relações humanas com certos pacientes com transtorno mental. É lógico que existem casos graves e difíceis mas que tem o direito de serem tratados por pessoas e instituições com as melhores condições possíveis para tal. Também conheço as dificuldades ou impossibilidades de ter em casa uma pessoa com um transtorno do qual a família não sabe ou não tem condições/conhecimento/suporte para lidar apesar da boa vontade. Voltamos à comunicação, interação e promoção de saúde para o paciente e sua família.
Finalizando, gostaria de deixar as palavras da fisioterapeuta francesa Thérèse Bertherat, que criando a Antiginástica revolucionou a visão e o modo de ver, conhecer e entrar em contato com o corpo: “É preciso coragem, senão para começar um trabalho, ao menos para não abandoná-lo no meio do caminho ou quando percebemos que somos ao mesmo tempo nosso objetivo e nosso maior obstáculo” . Ela diz ainda: “Neste instante, esteja você onde estiver, tem uma casa com seu nome. Você é o único proprietário, mas faz tempo que perdeu as chaves. Por isso fica de fora olhando a fachada. Não chega a morar nela. Essa casa, teto que abriga suas recônditas e reprimidas lembranças, é o seu corpo. Se as paredes ouvissem…” (“O Corpo Tem Suas Razões” – Thèrése Bertherat e Carol Bernstein- 1977- pg 01).

 

(Ligia Monteblanco Correia)