Tarefa do curso Colegiado Gestor

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Tarefa: discussão do texto Apoio matricial e equipe de referência: uma metodologia para gestão do trabalho interdisciplinar em saúde com o apoio matricial

 Gastão Wagner de Sousa Campos; Ana Carla Domitti

 

Este foi um dos primeiros textos que li ao iniciar o apoio matricial de saúde mental, através do NASF, nas equipes de Saúde da Família no município onde trabalho. O apoio matricial funciona como uma retaguarda especializada às equipes de referência ou, ainda, como uma atividade complementar da rede, favorecendo os princípios do SUS, vínculo, acolhimento e integralidade, focando o fazer saúde no sujeito, e não na doença.

A Estratégia Saúde da Família (ESF) com apoio do NASF vem aos poucos modificando suas práticas na política do SUS. Organizar o atendimento para todos é um imperativo ético, e sabe-se bem que o que lidamos no dia a dia não é o SUS que está na lei. A solução para esta inconsistência é reinventar o já institucionalizado, buscar parcerias, dividir responsabilidades e desenvolver autonomia dos sujeitos constituída através de contratos.

Para avançar nas práticas de saúde é necessário  novos arranjos e ferramentas a serem utilizadas entre as equipes (NASF e ESF), entre eles o apoio matricial que possibilita organizar e ampliar a oferta de ações em saúde sem que o usuário deixe de ser cliente da equipe de referência. Sendo a equipe de referência a responsável pelos seus pacientes, ela geralmente não os encaminha ela pede apoio.

Dentro dos arranjos possíveis do sistema de saúde tem predominado no mundo ocidental o modelo centrado na Atenção Básica (ou atenção primária). Este nível de atenção assume papel de destaque no cuidado e no processo de reabilitação em saúde mental conforme preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS), ressaltando a importância dos profissionais que já atuam na rede básica, por seu conhecimento e vínculo com o território.

Em conjunto com as equipes da atenção primária atua o NASF – Núcleo de Apoio à Saúde da Família, com equipe de saúde mental, que através do apoio matricial amplia o acesso com qualidade aos usuários, ao fazer com que cada sujeito seja pensado a partir de sua subjetividade, contando com o projeto terapêutico singular (PTS) mais adequado dentro de suas necessidades e possibilidades.

Conforme Campos e Domitti, o apoio matricial implica sempre na construção de um projeto terapêutico integrado, o que acontece geralmente na prática: atendimento em conjunto (saúde mental e ESF); atendimento individual especializado mantendo sempre o contato com a equipe de referencia, assim como a troca de saberes entre profissionais de várias áreas compartilhando condutas a serem estabelecidas no PTS.

Quanto às dificuldades, encontramos obstáculos a serem superados, conforme o texto nos chama a atenção. Ao entrar em contato com profissionais que trabalham no sistema de saúde, é possível encontrar situações ainda muito marcadas pelo “especialismo”, contribuindo para a fragmentação do sujeito, induzindo à desresponsabilização pelo cuidado e atenção, contrariando o que se pensa em trabalho integrado em rede. Ter a sua especialidade é importante, mas não é tudo: um serviço precisa do olhar do outro.

Esta forma seletiva e excludente acaba sendo uma alternativa dentro do sistema hierárquico do fazer saúde, sendo o encaminhamento o melhor exemplo do que acontece nas rotinas da media complexidade. A consequência disso é uma seleção discriminadora dos sujeitos que serão “jogados” de um lado para outro, entre competências diferentes,  não sendo de responsabilidade de ninguém e assim abandonadas a si mesmos.

Através do apoio matricial, surge uma nova possibilidade de cuidado, onde é possível encontrar novos caminhos, tendo como desafio a organização dos serviços do território baseados no “fazer responsável”, evitando assim a fragmentação do cuidado e o abandono do usuário pela rede de serviços de saúde.