Qualidade de vida na 3ª idade

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INTRODUÇÃO

A mudança do perfil demográfico brasileiro das ultimas décadas é algo notável. O país tem passado por uma transição demográfica, desde a década de 60 que vem mostrando diminuição das taxas de fecundidade e aumento da expectativa de vida.

Segundo dados do DATASUS, as taxas de fecundidade do Brasil em 1991, 1996, 2001, 2005 foram de 2.73, 2.44, 2.22 e 1.95 filhos/mulher /ano respectivamente. Por outro lado em 1991, 1997, 2003 e 2009 a expectativa de vida para ambos os sexos foi 66.9, 69.3, 71,4 e 73,3 anos respectivamente e a proporção de idosos na população do Brasil foi 7.3, 8.6, 8.9 e 10,1 respectivamente.

Esses valores são frutos de uma somatória de fatores, dentre os quais se destacam para a queda da taxa de natalidade: o planejamento familiar e o uso de métodos contraceptivos, a maior participação da mulher no mercado de trabalho, urbanização e maior custo de vida urbana. Já o aumento da expectativa de vida é reflexo de melhorias em condições ambientais, saneamento, nutrição e medidas de atenção de saúde pública e avanços na medicina.

Aliada a transição demográfica, observa-se a transição epidemiológica, a qual se refere a mudanças no padrão de morbidade e mortalidade.  A mortalidade proporcional por doenças do aparelho circulatório representou 31,25%, seguida por Neoplasias com 16,82%, causas externas 13,54% e as doenças infecciosas e parasitárias 4,59% em 2009.

Diante desse novo perfil de realidade social, novas formas de intervenções, que considerem as peculiares da população idosa em expansão são necessárias. O objetivo não deve ser apenas o tratamento de doenças, aumentando a sobrevida desses indivíduos, mas o manejo adequado que permita uma vida com qualidade, em perfeito bem estar físico e mental.

Uma possível ferramenta para esse manejo consiste nos grupos de idosos, experiência que permite a convivência entre pessoas de mesma faixa etária, que compartilham de características mórbido-sociais semelhantes. Nesses grupos, através da realização de atividades conjuntas exercita-se o físico, proporcionando não apenas redução e controle de peso, melhoria de tônus e força muscular, controle de fatores de riscos e comorbidades, como também o mental e a afetiva estimulação da socialização. Cria-se um ambiente de confiança mútua, sinceridade, amizade, bem-estar, permitindo ao idoso reconhecer que mesmo diante das “limitações” do envelhecer ele pode viver bem. Ao invés de se associar a uma imagem de deterioração, inutilidade e fragilidade, o idoso é capaz de se reafirmar com autoconfiança, autoconhecimento e sociabilidade, e tomar as rédeas de sua vida.

Percebendo a ausência de grupos sociais direcionados a população idosa no território referente à Unidade Básica de Saúde – Campinas, munícipio de Macaíba-RN, o grupo sentiu-se estimulado a contribuir com a comunidade através de seu Projeto de Intervenção do Estágio de Saúde Coletiva por meio da “Academia 3ª idade” e CCI- Centro de Convivência do Idoso.

 Tomando como base a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e ações estratégicas, como as baseadas  no Pacto pela Vida de 2006, as quais objetivam promover o  envelhecimento ativo e saudável, com a realização de ações de atenção integral à saúde da pessoa idosa e de ações intersetoriais de fortalecimento  da participação popular e de educação permanente. Essa intervenção contribui para a promoção de um envelhecimento saudável e ativo, fortalecimento da participação social e a utilização de recursos capazes de assegurar qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa, permitindo ao grupo tornar-se parceiro na consolidação do SUS.

OBJETIVOS GERAIS

Contribuição a qualidade de vida em todos os seus aspectos junto aos idosos da área das campinas, Macaíba/RN, com o intuito de não ser apenas uma mera intervenção pontual, mas sim, conscientizando-os da importância e consequentemente da permanência de tais práticas

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Prevenção e controle de doenças cardiovasculares (HAS, DM); incentivo ao exercício físico, à uma alimentação saudável, às atividades em grupo (socialização) e promoção à auto-estima.

METODOLOGIA

A intervenção foi realizada nos dias 15 e 16 de Outubro de 2012, na Academia da 3ª idade da comunidade e no Centro de Convivência de Idosos (CCI) da Prefeitura Municipal de Macaíba. Tendo como atores: doutorandos (Mario Teruo Yanagiura, Joaquim L de Figueiredo Neto e Thiago Munoz Costa), agentes de saúde das Campinas (Luciana, Francisco, Toinha e Ricardo), educadora física do NASF – Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Carol) e idosos da área das Campinas. O projeto teve o suporte da prefeitura municipal de macaíba e equipe do NASF.  E a divulgação das atividades foi feita pelos Agentes comunitários de saúde com o público alvo foi de aproximadamente 15-20 idosos.

No primeiro dia (15/10/12 – Segunda-Feira) foi realizado:

Acolhimento aos idosos;

Café da manhã (salada de frutas, biscoitos, sucos de frutas);

Caminhada rumo à Academia da 3ª idade da comunidade

Alongamento;

Orientação e prática de exercícios sob supervisão dos doutorandos;

Roda de conversa sobre HAS e DM e importância da prática de atividades físicas e alimentação saudável;

No segundo dia (16/10/12 – Terça-Feira) houve:

Acolhimento aos idosos;

Transporte para o CCI;

Realização da dinâmica “Para quem você tira o chapéu”

Conversa sobre auto-estima na 3ª idade;

Atividades com a educadora física;

Lanche;

Visita ao CCI e debate sobre a importância do grupo de idosos;

Despedida

Retorno à UBS

Dinâmica “Para quem você tira o chapéu” tem o
objetivo de estimular a autoestima. Necessitando de materiais para realização: um chapéu e um espelho O espelho deve estar colado no fundo do chapéu.  Então o animador escolhe uma pessoa do grupo e pergunta se ela tira o chapéu para a pessoa que ver e o porquê, sem dizer o nome da pessoa. Pode ser feito em qualquer tamanho de grupo e o animador deve fingir que trocou a foto do chapéu antes de chamar o próximo participante.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O número de pessoas (15) do público alvo foi dentro do esperado (15-20). Os colaboradores auxiliaram bastante na execução do projeto, permitindo e gerando, nesse primeiro momento, o sucesso de nossa intervenção na comunidade da área adstrita da Unidade Básica de Saúde (UBS) das Campinas.

Os idosos puderam desfrutar de momentos únicos de alegria, confraternização e interação social, algo difícil de ocorrer nessa área, marcada pelos altos índices de violência. Houve vários relatos de não se divertirem tanto há muito tempo como no dia quando foram ao centro comunitário

Ademais os idosos tiveram a oportunidade de aprender e iniciar a usar um dos poucos equipamentos sociais da área adstrita da UBS, a academia da terceira idade. Inclusive vários deles não usavam a academia, devido à falta de orientação quanto ao uso

CONCLUSÃO

Fica a certeza também de que contribuímos para a melhoria da qualidade de vida dos idosos das Campinas, não só no sentido de uma intervenção pontual, mas de maneira duradoura.

Implantou-se também a idéia de reuniões semanais em locais variados, nem que seja somente para uma simples conversa, no intuito de promover a auto-estima e socialização. Além da importância da formação do grupo de idosos (dificuldade devido à ausência de local apropriado para reuniões)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A expectativa gerada com o projeto de intervenção é a continuação das atividades propostas: a prática regular de atividades físicas, sendo uma simples caminhada ou uso da academia da terceira idade; além da incorporação da necessidade do convívio social, das trocas de experiências, culminando com a formação de vínculos e círculos de amizades.

Portanto o projeto fez a parte dele quanto à promoção à saúde dos idosos da UBS das Campinas, uma das funções primordiais da Atenção Básica. E assim os numerosos idosos da área adstrita desfrutem de uma melhor qualidade de vida.